[Eu li] EVA







NOME: Eva
AUTOR: William P. Young
PÁGINAS: 240
EDITORA: Arqueiro
SELO: Arqueiro
ANO: 2015

GÊNERO: Ficção canadense, Romance, Espiritualidade.





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Eva é um romance do consagrado autor de A Cabana, William P. Young, publicado em 2015 pela Editora Arqueiro.

O livro traz a historia da protagonista Lilly uma garota que após sofrer um acidente violento é encontrada por John um catalogador numa dimensão paralela no Universo. Por estar debilitada é obrigada a ficar sobre os cuidados de John até sua completa recuperação, e durante este processo vivencia experiências “paranormais” relacionados com o divino. Precisamente com a figura feminina Eva.

Os acontecimentos se dividem em dois planos acontecendo intercaladamente. O primeiro quando Lilly está com John recuperando-se em um lugar que se assemelha a um hospital e o segundo quando ela “apaga” do mundo real e encontra-se com Eva em seu inconsciente numa espécie de sonho.

Quem leu A Cabana já sentiu todo o potencial narrativo e envolvente de William, e quando ler Eva, com certeza terão suas expectativas superadas. Eva é uma narrativa totalmente cativante, fantasticamente viciante que obriga o leitor a consumir toda a história de uma única vez.

O autor trás um inovador olhar sobre o acontecimento da criação e suas respectivas consequências. Desmistificando alguns fatores impostos pela forte influência Religiosa. Subtraindo quaisquer influencia das mesmas deixando apenas a leve e impressionante relação do Homem e seu Criador. Com a nítida vontade de querer levar o leitor a ter uma nova relação mais intima e sincera com o Criador, William cria uma escrita surpreendente mostrando o lado de um Deus totalmente humano que ama sua criação e lhe dá toda a confiança e liberdade. Um Deus acolhedor e totalmente bondoso.

E junto de Lilly passamos a conhecer mais este Deus mediado por Eva, uma figura materna e amorosa que acompanha o leitor em toda a jornada mostrando esse olhar peculiar dos acontecimentos em Gêneses.

Eva é uma personagem construída com fortes características. Na história não a tomamos como a parte frágil de Adão ou a simples companhia que foi criada para suprir a solidão do Homem. Mas sim como peça importante de um dos episódios mais triste das escrituras.  Através dela adquirimos uma visão madura de objetiva do que “realmente aconteceu no Éden”.

Já Lilly representa a essência humana atual, o homem distante do Criador. Seus medos, receios e desconfiança conjuntamente com a falta de entendimento e sabedoria. E é igualmente como ela que somos transformados a cada capitulo.  

A figura de John no primeiro plano tem grande semelhança com a de Deus. Ele evidencia um cuidado e proteção muito parecida com a do criador. E de modo geral é fácil enxergar como os personagens do primeiro plano assemelham-se aos do segundo criando uma comparação importante na história.

 “O impossível e o absurdo são o playground de Deus” – Página 18, Eva.

O livro não tem como objetivo a conversão. Ele expressa uma reflexão que todo o ser humano deveria ter com sigo mesmo. Trazendo questões como a relação do individuo e o mundo que o cerca, seu papel no mundo, as relações com os outros, a forma com que você gere sua vida e o tratamento do Eu, como estamos sendo influenciados por forças negativas a nossa volta e como nossa vida esta passando despercebia por nós mesmos.

E falando em forças negativas é lembrada a nós uma personagem que não deveria passar despercebida: A serpente.

“As vezes uma serpente é só uma serpente. Ás vezes uma serpente é algo mais.”  - Página 29, Eva.

A serpente foi a construção de personagem que mais me chamou a atenção. Porque na história ela é moldada completamente diferente da usual visão que temos dela. A composição de suas caracteristicas é simples e completamente fascinante. Ao mesmo tempo em que sua fala é doce, percebemos uma forte intenção de ironia e provocação.

Durante a leitura esperava ansiosamente por suas aparições. Seus diálogos com Adão sempre eram cheios de simbologia e desafio enfeitados por uma riqueza de provocações.

Ela é a concretização de sabedoria e curiosidade. E por isso acho que não devemos nomeá-la como antagonista da história, e sim apenas uma mediadora para a inevitável conclusão já esperada do episódio das Escrituras.

O livro trás uma descrição surpreendente dos cenários que acontecem as ações. Algo muito plausível neste caso, pois ninguém esteve realmente no momento da criação e consequentemente não poderíamos descrever o lugar em que tudo aconteceu. Mas William usou de todo seu estudo e habilidade para trazer a nós um espaço descritivo muito lindo e singular para cada um.

“Palavras como Deus e Acreditar muitas vezes são desprovidas de sentido. Eu não acredito em Deus. Eu conheço Deus! E, quando você conhece alguém, acreditar deixa de ser relevante” – Página 68, Eva.

No fim da leitura temos a grande sensação de ter tipo uma profunda conversa com nosso “Eu” interior e uma manifestação de mudar nossa vida irá aflorar em todos.

Eva é uma leitura obrigatória para quem quiser mudar sua perspectiva de vida a partir de uma leitura.



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Por Wellington Silva
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